quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Último boletim


Último boletim
Amigas e amigos leitores.
Em 2002, portanto, há dez anos, eu era coordenador do Laboratório de História do UNI-BH e surgiu a ideia de criar um boletim virtual para manter contato com os alunos e, principalmente, com os ex-alunos. O projeto inicial era o de trazer informações sobre concursos, mestrados, além de notícias que pudessem ajudar no trabalho docente. Durante dois anos, aproximadamente, este boletim passou a ser feito por mim, semanalmente.
Em 2004 eu me retirei da instituição e o boletim ficou um tempo sem ser publicado. Mas a insistência de vários ex-alunos para que eu retomasse a edição, me fizeram criar o Boletim Mineiro de História. Apesar de os leitores inicialmente serem os mesmos do antigo boletim, em breve centenas de outros leitores e leitoras apareceram. Houve um momento em que eu o enviava para quase mil pessoas, até no exterior! Tivemos leitores no Japão, no Canadá, nos Estados Unidos, na França, em Portugal, na Itália. Graças ao Orkut, o número se ampliou consideravelmente.
No entanto, hoje, publicados 350 números desta nova fase, estou encerrando a publicação do Boletim. Devo confessar que dá muito trabalho. Se contar as diversas horas que a procura de notícias, artigos e informações diariamente me tomam, eu diria que dois dias inteiros ficam por conta da feitura do Boletim. E estou precisando deste tempo para escrever. Temos uma nova coleção de didáticos e eu já estava com outros quatro projetos iniciados e que não pretendo deixar de lado. Então preciso de todo o tempo disponível para dar conta de tudo isso.
Além do mais, ultimamente tenho tido problemas com os blogs gratuitos. O serviço anda de mal a pior e vê-se que, veladamente, eles te oferecem melhor serviço... desde que você pague por isso. Me recuso, terminantemente! O resultado é que neste ano tive de deixar o blogger, passar para o wordpress, do qual não gostei muito, pois saia tudo publicado diferente do que eu havia editado. Mas era uma alternativa viável. Há cerca de um mês não consigo publicar nada lá, recebo sempre a mensagem de que está “concluído, mas contém erros na página”. Esses erros não são meus, são do wordpress. Então criei outro boletim no blogger e está funcionando.
Ai, tive uma surpresa desagradável: o blogger me informa quantos leitores abriram o conteúdo. E nos três últimos boletins o número me soou ridículo: 6, 7 e 6, respectivamente.
Convenhamos, é muito trabalho para um resultado tão sofrível.
Encerro, portanto. Agradeço a todos e todas que me acompanharam nessa década, que não foi perdida, claro! Agradeço principalmente àqueles que colaboraram escrevendo artigos ou enviando artigos de outros autores. Dois deles estiveram presentes em muitos números: o professor Antônio Moura e o jornalista José de Castro. Coincidentemente, este número final traz dois artigos, escritos por eles. Não vou nominar os que enviaram artigos, porque foram tantos que eu correria o risco de esquecer alguém. O que seria uma grande injustiça.
A todos, aviso que não vou desaparecer do mundo virtual. Continuo com meu blog mais pessoal, e espero que vocês apareçam por lá. Até hoje eu não tratava de política nele, mas agora vou colocar alguma coisa também, de vez em quando. Aos sábados, enviarei para todos os contatos do boletim uma relação do que foi postado na semana. Quem achar alguma coisa interessante, poderá visitar neste endereço aqui:
Um grande abraço a todos e todas!

ARTIGOS COMPLETOS

A história de uma dívida impagável
Texto escrito por José de Souza Castro:
O Portal da Transparência do Estado de Minas Gerais não informa o total da dívida do Estado com a União, mas revela que o governo Antonio Anastasia (PSDB) gastou nos primeiros nove meses deste ano R$ 1,59 bilhão com a amortização da dívida e mais R$ 1,70 bilhão com o pagamento de juros e encargos dessa dívida. Isso dá, em média, R$ 366,56 milhões por mês.
A primeira questão: por que o governo tucano mineiro esconde do público o valor atual da dívida contraída quando o governador Eduardo Azeredo se curvou às exigências do governo federal, que tinha à frente o também tucano Fernando Henrique Cardoso, para renegociar as dívidas do Estado que eram roladas diariamente no mercado financeiro?
A segunda questão: por que uma dívida que somava R$ 18,6 bilhões em 31 de dezembro de 1998, quando Azeredo deixou o governo porque não conseguiu se reeleger, mesmo usando recursos públicos na campanha eleitoral, chegou a um patamar tão alto que o atual governador julga prudente não revelar?
Quem quiser conhecer a história desse endividamento pode ler o livro de Durval Ângelo “O voo do tucano”, publicado em 1999 pela editora O Lutador, de Belo Horizonte. Está disponível em PDF na Internet, nos seguintes endereços:
Quando o então deputado petista Durval Ângelo fazia na Assembleia Legislativa oposição ao governo estadual, o presidente da Casa era Anderson Adauto (PMDB), que acaba de ser inocentado pelo Supremo no julgamento do chamado mensalão petista, enquanto o hoje deputado Eduardo Azeredo espera a vez de ser julgado pelo mensalão tucano. Adauto foi o autor do prefácio do livro, e escreveu, em 1999:
“No caso de Minas Gerais, o dispêndio com a administração da dívida era, em média, de R$ 8 milhões por mês. Hoje a amortização e os juros consomem mais de R$ 80 milhões mensalmente”.
Hoje, como vimos, ultrapassam os R$ 366,56 milhões por mês. E o governo garante que tem feito as amortizações rigorosamente em dia. É o milagre brasileiro da multiplicação dos pães.
Já que entramos nessa área milagrosa, outro trecho do livro escrito há 13 anos e que tem tudo para ter um interesse renovado: “O governo Azeredo encontrou uma dívida flutuante de R$ 903 milhões. Em dezembro de 1988, ela já era três vezes maior: R$ 3,3 bilhões”.
Terceira questão: como pode isso acontecer, se nesses quatro anos de governo Azeredo fez tudo que seu mestre mandava? Por exemplo, vendeu 33% das ações da Cemig a empresas estrangeiras que passaram, apesar de minoritárias, a comandar a estatal; e embolsou R$ 713 milhões com a venda do Bemge e do Credireal.
A resposta para isso se encontra no livro de Durval Ângelo. Sim, Durval – o candidato petista a prefeito de Contagem derrotado no último domingo por Carlin Moura, do PCdoB, apoiado pelo ex-prefeito e ex-governador Newton Cardoso (que se tornou nacionalmente famoso por sua honestidade em cargos públicos). E Anderson Adauto, atual prefeito de Uberaba, viu seu candidato à sucessão pelo PMDB, deputado federal Paulo Piau, vencer o candidato apoiado pelo senador tucano Aécio Neves, Antônio Lerin, do PSB. O derrotado Lerin disse que o adversário Piau comprou votos e vai entrar na Justiça para anular o resultado das eleições na cidade.
São as voltas que a história dá.

Mídia conservadora
 Francisco Fonseca, cientista social da Fundação Getúlio Vargas, em matéria de outubro de 2012 faz oportuna análise do comportamento político e econômico da grande mídia brasileira.  Um verdadeiro consenso forjado foi, paulatinamente, se formando entre órgãos da mídia, desde a chamada Nova República (1985) influenciando decisivamente a revisão do modelo econômico instalado desde 1930. (Le Monde Diplomatique, n. 63). A mídia privada opera em favor de interesses privatistas e contra o interesse geral, procurando se colocar ideologicamente, acima do bem público. Durante a ditadura, de 1964 a 1984, cerca de onze famílias passaram a controlar um grande número de meios e modalidades de comunicação, acarretando um conjunto de poderes que se opõe aos pressupostos teórico-filosóficos da democracia e do liberalismo democrático.
 A época neoliberal conservadora, de 1980 a 2008 tem nos órgãos da mídia o papel importante na preservação dos privilégios e vantagens das classes abastadas. A defesa de interesses privados, especialmente das classes médias e das detentoras do capital. O problema começa com o sistema de concessões de rádios e TVS que é controlado pelo Congresso Nacional, no qual muitos parlamentares são detentores de emissoras. Além disso, majoritariamente, a mídia brasileira é privada e comercial. Grande parte de emissoras comunitárias encontram-se em poder das religiões. As redes comerciais privadas, a mídia impressa e as emissoras comunitárias são direcionadas a públicos distintos e limitados e, portanto, têm visões parciais em contraste com a grande diversidade do país. Omitem informações e fatos importantes, ao mesmo tempo em que repetem exaustivamente os fatos coerentes com as ideologias afins. Exemplo marcante é a omissão das coberturas das mazelas do processo de privatizações durante os governos Collor e FHC. Outro exemplo é a não investigação, pela mídia, do escândalo da “emenda da reeleição” e do “Banestado”. Por outro lado, a trovoada sobre o episódio denominado “mensalão”.  A seletividade dos fatos veiculados é tendência política, ideológica e linha editorial da mídia brasileira desde 1940. Não foi a mídia conservadora que investigou e descobriu as falcatruas de José Roberto Arruda, governador do Distrito Federal, pertencente ao DEM, em 2010. As investigaçõ0es jornalísticas também são seletivas. Jornais que estiveram na contramão dessas ideologias desapareceram ao serem perseguidos pela ditadura, a exemplo de Correio da Manhã, Brasil Urgente, O Binômio, Pasquim e Última Hora. 
 Para Fonseca, o conservadorismo político tem na mídia um ator político-ideológico que vem atuando de forma uníssona em favor do retrocesso político e social. Pressiona pela diminuição dos direitos sociais e da participação popular nas decisões públicas. A mídia privada brasileira age na contramão da democracia, pois esta deve ser garantidora de direitos individuais e coletivos. 
 Antonio de Paiva Moura – Belo Horizonte 

VALE A PENA LER

Um mapa das florestas (des)protegidas do Brasil
Instituto Chico Mendes reconhece: 23% da área de nossas 312 unidades de conservação está ocupada irregularmente. Órgão quer agir, mas ainda não tem os recursos necessários. Por André Borges, no EcoDebate

LEITURAS DA FOLHA
Bom dia... Vietnã?
Por Evandro Silva


2 comentários:

  1. Uma escolha difícl, mas necessária na sua vida! O contato não deixa de ser permanente.
    Boa sorte, Ricardo!

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  2. Querido Mestre Ricardo... que noticia triste esta! confesso-lhe que seu trabalho foi basicamente minha principal fonte nestes quase 10anos de Japao. E nao digo apenas fonte de informacao mas principalmente de esperanca! Obrigada, Querido! SAUDADES! Aline Antunes

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